Nelson Moleiro
Vinho para petisco de pêlo no peito!

Hello gente! Sou um gajo de boa boca no que toca à gastronomia. Marcha um pouco de tudo! Se bem que, assim de vez em quando, gosto de experimentar sabores fortes. Hoje, no campeonato dos queijos, trago um desses exemplos. Não me venham cá com babybel e queijos flamengos extra-light, aquelas cenas hiperdietcoise! Isso é para tosta mista pah! Por isso, pedi à Sophie's Secrets que me arranjasse um prato diferente, que representasse esse sabor forte de um queijo, assim para home de pêlo no peito, com carpete, made in Portugal e Serra de Aire e Candeeiros. E ela atravessou fronteiras e foi buscar o Roquefort. O que quero exemplificar com isto? É, uma vez mais, descobrir um bom vinho para servir com um prato de características únicas e distintas.
Prato
Queijo Roquefort, com Pêra Rocha caramelizada, Polenta e Alecrim




Existem uma quantidade infinita de queijos, cada um com as suas características, e de facto, se há alimento que combina bem com vinho, é o queijo. Contudo, há que ter em atenção que tanto o queijo, como o vinho, devem ser perceptíveis aos nossos sentidos, aroma e paladar. Desta forma, nem o queijo deve sobrepor-se ao vinho, nem o inverso. Como toda a sugestão de harmonização, o melhor rumo é ser empírico e não adoptar as recomendações como uma doutrina dogmática.
O Roquefort, pertence aos queijos azuis, fortes e salgados por natureza, e que vão bem com frisantes e espumantes tintos, mas também poderão bailar com brancos aromáticos como um Sauvignon Blanc, a casta do "fumo". Contudo, na minha opinião, a melhor opção para acompanhar um queijo desta natureza é um vinho doce, como um vinho licoroso, um Porto Tawny, Porto Vintage, e até um Moscatel. E porquê? O sal dos queijos azuis está no limiar para os vinhos tintos, podendo um tinto encorpado fazer a festa e causar satisfação, mas um tinto jovem, duvido! Será abafado pelo queijo. São os vinhos doces que ganham esta batalha, já que, o contraste do salgado com o doce, mais a "caramelização" dos queijos, e no caso concreto que apresento da pêra, resultam numa harmonização correcta.
Acabei por escolher um vinho licoroso, Cabriz Ímpar, da Quinta de Cabriz, que me foi dado a conhecer pelo meu amigo Francisco Costa.
Da elaboração de vinhos ainda percebo pouco. No que toca à vindima, fermentação, processos de lagar, vinificação, fortificação, estágios ou maturações, vou andando à pesca. Mas como pesco muito, já vou apanhando o rabo à sardinha. De uma forma simplista, o que difere este vinho licoroso dos restantes vinhos? Ao fim ao cabo, ele é um vinho generoso, como por exemplo um vinho do Porto, ou seja, é um vinho doce com graduação alcoólica relativamente alta (normalmente entre 19% vol. a 22% vol.). E esta característica provém de uma técnica de fermentação antiga, e que consiste, na adição de uma quantidade mais ao menos fixa de aguardente por um volume de mosto também mais ao menos padronizado, num determinado momento da sua fermentação alcoólica. A quantidade e qualidade da aguardente, o volume de mosto, e o momento certo da adição da aguardente, como diz o ditado, são o segredo de cada casa, e a alma do negócio. Este vinho licoroso Ímpar da Quinta de Cabriz, foi uma agradável surpresa, fazendo-me lembrar um Porto Tawny, mas, produzido fora do Douro.
Cabriz Ímpar, Vinho Licoroso
Região do Dão, 40% Touriga Nacional, 30% Tinta Roriz, 15% Alfrocheiro, 15% Jaen
Desengace total, fermentação alcoólica a 20ºC seguida de interrupção de fermentação com adição de aguardente de vinho. Estagiou 20 anos em barrica de 225 litros, teor alcoólico de 20 vol.
Aspecto: Cristalino
Cor: Topázio com tom esverdeado
Aroma: Nota evidente de madeiras e cereais tostados, provavelmente do estágio em barrica, frutos secos e cascas de laranja.
Sabor: Muito complexo, com várias ideias de frutos secos na minha cabeça, madeiras que não identifico, cascas de citrinos, e untuoso no copo, com final muito persistente na boca.

Servir fresco entre 5ºC-10ºC
Digam de vossa justiça, até breve!
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