Nelson Moleiro
GSM Rosemount com Bruschettas de Figo Grelhado, Gorgonzola e Presunto!

Vinho tinto, figos, queijo e presunto! Poderíamos pedir casamento mais perfeito? Esse não existe, mas a existir casamento de sonho, este seria um deles. Num final de tarde caseiro, com as últimas colheitas de figos pingo-mel da época, queijo e presunto no frigorífico, epá porque não? O doce do figo a contrabalançar com o salgado do queijo e presunto, com um belo vinho tinto, upa upa! E daí surge a ideia para estas maravilhosas bruschettas de figo grelhado. Com a garrafeira cá de casa cada vez mais composta e diversificada, tinha um vinho tinto australiano bem guardado e à espera de um pitéu que me levasse a dizer, sim é agora que vais saltar da caminha! Não sou especialista em vinhos australianos, nem estrangeiros em geral, mas já experimentei alguns vinhos aussie, syrah fundamentalmente, e gosto da excelente técnica e qualidade que apresentam nos seus vinhos, e a preços muito competitivos. Este GSM Rosemount é um vinho tinto, em que a sigla GSM advém de Grenache, Syrah (Shyraz como lhe chamam na Austrália) e Mourvèdre, as castas presentes neste corte muito conhecido na Austrália, de vinhos de mistura com estas três uvas.





GSM Grenache Syrah Mourvèdre
McLaren Vale
2003
Rosemount Estates
"GSM faz parte da nossa colecção epicurista. Esta gama de vinhos utiliza técnicas de vinificação e de abastecimento de uva inovadoras, para criar uma gama de vinhos altamente individualistas que são uma expressão emocionante da vinificação moderna. Envelhecido por 18 meses em carvalho americano, este vinho Sul Australiano Premium, combina os ricos sabores picantes da Grenache com o fruto opulento da Syrah e estrutura firme da Mourvèdre, para apresentar um vinho com sabor completo que é o acompanhamento ideal para pratos imaginativos da mais alta qualidade." - citação Rosemount Estates






Vinhos GSM (Grenache - Syrah - Morvèdre)
Os vinhos GSM são especialidade do Vale do Sul de Rhône, na França. As castas Grenache e Syrah são importantíssimas nesta parte do mundo, e são complementadas neste caso pela adição de Mourvèdre, também importante, mas menos famosa. Os vinhos GSM, que foram prontamente apaparicados pelo Novo Mundo, neste caso a Austrália, são ricos e encorpados, caracterizados por sabores de frutas escuras e especiarias. As três castas têm a costa do Mediterrâneo como origem, e são importantes na composição vitícola da região. Normalmente os produtores do lote GSM escolhem a Grenache como casta dominante, com a Syrah e Mourvèdre em proporções menores.
Grenache
A que contribui com especiarias, frutas vermelhas e álcool à mistura, está difundida no sul da França e também em Espanha, onde ele é conhecido como Garnacha e é parte da mistura da Rioja.
Mourvèdre
A casta chave na região de Bandol, perto da costa de Marselha e Cassis, compartilha essa dispersão Mediterrânica e também é encontrada em Espanha, onde ele é conhecida como Monastrell. Dá taninos, cor e comprimento para o vinho.
Syrah
Com a sua estrutura e frutas escuras, é fundamentalmente francesa e é o esteio do Vale do Norte de Rhône. Hoje em dia também é plantada em todo o mundo, sendo a casta rainha da Austrália.
Notas de prova do Táscuela
GSM Rosemount 2003
No nariz, muitos frutos vermelhos escuros, pimentas, e algum couro. Cheiro promissor! Na boca mal toca as papilas explodem os sabores de fruta, com um acabamento picante delicioso, e que com final que perdura e perdura. Vinho muito encorpado e sedoso. Óptima surpresa, e julgo que a idade lhe fez muito bem.
Bruschettas de Figo Grelhado, Gorgonzolla e Presunto
Figos Pingo de Mel
Queijo Gorgonzola
Presunto
Alecrim
Azeite
Mel
Fatias de pão (qualidade ao seu gosto)
Para seguirem dicas sobre este pitéu, uma vez mais, sigam e perguntem à Sophie's Secrets (link)
Galeria de Fotos
Nota pessoal crítica
Países como a Austrália, historicamente considerados do Novo Mundo, acabaram por levar as castas do Velho Continente, e trouxeram-nos a tecnologia enológica e vitícola. Esta distinção entre Velho e Novo mundo, tenta ser uma descrição poética da geografia vinícola mundial actual. Contudo, o que não dá para ignorar, são as vantagens geográficas de cultivo de videiras e produção de uvas, de países como Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Chile e até África do Sul, o dito Novo Mundo. Ao provar este GSM da Rosemount Estates, comparando a excelente qualidade apresentada com o seu preço, e não esquecendo que é um vinho exportado da Austrália, leva a pensar na enorme vantagem e competitividade que estes países possuem no mercado, apresentando muito bons vinhos a baixo custo e com boa rentabilidade. Possuem custos de produção várias vezes inferiores aos nossos, e com a globalização e redes de transportes mundiais actuais, ganham vantagem absoluta em relação à Europa, e a Portugal que nos toca mais de perto.
Desta maneira, num contexto de mercado agressivo, na minha visão, a nossa mais valia será apostar no que é nosso, e não tentar importar e imitar outros. Apostar nas nossas castas, nos nossos terroirs, e com identidade própria, evitando ao máximo internacionalizar os nossos vinhos, com invasão das nossas quintas e vinhos com castas estrangeiras, destruindo e extinguindo as castas nacionais autóctones. Ao irmos por esse caminho, não produziremos mais do que cópias medianas de vinhos que outros produzem com excelência. Apostar com critério no que é nosso, e primar pela excelência e qualidade. Os nossos vinhos são diferentes, únicos e com elevadíssimo potencial, e são tão bons ou melhores que os vossos.
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