Nelson Moleiro
Monte do Pintor Tinto 2013

Hoje falo de um vinho alentejano que me diz muito. É um vinho que está na génese de todo o meu percurso crescente na esfera dos vinhos. No início dos meus tempos de Faculdade nos finais dos anos 90, na saudosa Cidade de Coimbra, eu e os meus camaradas bêbedos, hoje apelidados de enófilos, partilhámos alguns momentos que envolveram líquidos e espécie de diluentes que mais pareciam tirados da mudança de óleo de um Fiat Uno Turbo. A essa mistela chamávamos de vinho, éramos muito criteriosos na selecção do que bebíamos, tudo o que fosse suficiente para virar copos era bom, o que interessava era ter uma sensação de boca cavernosa!
Acaba o percurso estudantil e envergamos no mundo do trabalho, a idade vai galgando e a mente opta por nos dizer, "Opá o que andavas tu a fazer?!". Foi há cerca de 10 ou 12 anos que em jantares de âmbito profissional, também entre amigos, me apercebi que os vinhos tinham muito por onde descobrir e aprender, e ainda hoje me lembro de quando bebi este Monte do Pintor Tinto. Na altura marcou-me imenso, um vinho que para mim era um ex-libris, tendo-me levado a comprá-lo às caixas ao produtor por longo do tempo, variadas colheitas. Um dia destes voltei a encontrá-lo. É um vinho muito bom, um alentejano acima da média, não digo que me causa hoje aquela sensação que me causou em tempos, claramente temos aí muitos vinhos equiparados e melhores que este, mas é um bom exemplo dum vinho tradicional alentejano, de um produtor coerente, com elevada qualidade e autenticidade. É um vinho que gostarei sempre de ter na minha garrafeira, foi o meu primeiro amor, e esta colheita de 2013 apresenta-se em excelente forma, onde até noto uma certa modernização em relação a colheitas passadas.
Com as típicas castas Aragonez, Trincadeira e Castelão, é um vinho de cor carregada, com muitos aromas a fruta madura preta e alguns tostados provenientes do estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês. Na boca é um conjunto muito sedoso e fresco, com bastante corpo e intenso, permitindo um final de boca longo e persistente.
Isto tudo para vos dizer que o objectivo é provarem muitos vinhos e direccionarem o vosso perfil. Este é um excelente vinho, poderemos dizer que não se encaixa hoje no meu perfil pessoal, mas será sempre um bom vinho. Os vinhos são bons ou maus, depois os gostos isso já é outra conversa!
Um brinde!



Monte do Pintor Tinto 2013


Castas: Aragonez, Trincaeira, Castelão
Teor Alcoólico: 14,5% Vol.
PVP: +/- 10€