Nelson Moleiro
Desabafo sobre as Notas Artísticas Vínicas

Sou um autêntico nabo nisto! Mas sou um nabo biológico, termo da moda, não venho adulterado com compostos supérfluos que só mascaram a podridão. Não sou botânico nem florista, sou incapaz de descrever bouquets, espécies de flores que nunca contactei, nem distinguir notas de café da Colômbia ou mesmo da Arábia, para mim é um ristretto curtinho e chega. Quem conseguir distinguir algum travo colombiano já tem os capilares nasais aprumados pelo pó. Quanto à madeira, opá carvalho não é comigo, o máximo que já lidei foi com pinho em tempos de infância e em fabrico de paletes. Isto tudo para quê? Para dizer que me aborrece um bocado a classificação massiva e detalhada, para não dizer minuciosa que se atribui aos vinhos.
Caminhamos para a classificação de um Mergulho Olímpico para piscina? Uma prova de patinagem artística? Ou quem teve as melhores décimas no Passo Doble? Qualquer dia estamos num tal escrutínio ao vinho que já ninguém quer saber patavina do que se está a dizer ou sugerir. Que tal escrever de forma mais simplista e objectiva para o ser humano que está do outro lado? É só um desabafo de quem nada percebe. De qualquer forma, na minha visão distorcida, já começo a ver isto por aí, obviamente metaforizado. Mas isto traduz o quê de apaixonante?
Rolha: 6.7 / 10
Corpo: 5.9 / 10
Lacre: 9.8 / 10 (estava muito giro, os chineses apreciam isto)
Forma da Garrafa: 8.9 /10 (tem um cú jeitoso para o escanção agarrar bem no rabiosque)
Rótulo: 7.3 /10 (excelente papiro)
Avaliação Final: 7.7 (o próximo passo é ir às centésimas)
Quanto ao que acabaram de ler, no final não retiramos nada de útil. Vamos é beber vinho, que isto tudo é um desabafo de um idiota.

