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  • Foto do escritorNelson Moleiro

Tarde de Verão Parte III - Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto 2012


Marquesa de Alorna Grande Reserva

Depois de um belo espumante do Vale do Loire, um branco da Península de Setúbal, nada melhor que trazer um tinto da região. E quando digo região estou a esticar-me a léguas, um belo tinto de Almeirim da Quinta da Alorna.

Quem se lembra dos vinhos do Ribatejo ponha a mão no ar. Sim, em tempos de puto eu conhecia-o por vinho ribatejano! Hoje está englobado nos Vinhos do Tejo por questões de estratégia e uniformização. Sendo de Mira de Aire, as minhas gentes, e quando refiro minhas gentes obviamente refiro-me aos tasqueiros, sempre tiveram o hábito de ir comprar uvas e vinhos aquelas bandas do distrito de Santarém, daí ter sido sempre uma região que me ficou associada mentalmente ao vinho a granel, de tasca, aquele copo de três cheio e com muitos volts à mistura. Não me espanta, Almeirim e Santarém são terras quentinhas para não apelidar de tórridas. Sem metáforas e artefactos linguísticos e sendo o mais directo possível, a minha experiência com vinho Ribatejano reside nesse aspecto particular, vinho a granel, a imagem do velhote de boina e vira lá o copo que já se faz tarde. Hoje o paradigma mudou muito, estratégias e visão de mercado alteraram um pouco o panorama. A identidade regional ligada à cultura de Cooperativas permanece, e ainda bem graças a Deus, grande valor nisso, mas alguns produtores começam a optar pela diferenciação, e nessa área a Quinta da Alorna tem tomado posição de destaque na região. Desta forma decidimos testar e avaliar um dos seus topos de gama, o Marquesa de Alorna Tinto, no caso particular a colheita de 2012.

Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto 2012

 

Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto 2012

 

Estamos no segmento alto dos Vinhos do Tejo, um apelidado Grande Reserva, cujo lote não é revelado pelo produtor, se bem que eu vou tentar levantar o véu ao jeito do professor Karamba, e apostava ali uns tostões em Cabernet junto com as nossas Touriga, Tinta Roriz (já agora Tinta Roriz ou Aragonez por estas bandas?), talvez Alicante, por aí. Mas isso estou eu armado em artista, temos aqui um bom lote de uvas de alta qualidade e basta. Após processos de vinificação tipificados estagiou 12 meses em barricas novas de carvalho francês.

Castas: Não reveladas

Região: Tejo

Teor Alcoólico: 14% Vol

PVP: +/- 19€

Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto

Quanto à prova, (serviu-se ligeiramente refrescado para compensar o facto de ter sido bebido numa tarde quente de Verão) revela a sua expressividade nos aromas e sabores a frutos silvestres e frutos negros maduros, alguma componente floral violácea a indicar a possível, e certa, presença da Touriga Nacional. Provado em Agosto 2017, os taninos permitem-lhe deter ainda uma excelente estrutura a perspectivar bom envelhecimento futuro. O conjunto de aromas e sabores da fruta estão bem harmonizados com a madeira, a revelar ligeiro tostado e alguma especiaria, mas que permite concluir se tratar de um bom momento para consumo, se bem que apostaria em mais 2 a 3 anos para o auge do Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto 2012. Gostei em particular de sentir toda a componente terrena da fruta, aliada a um bom estágio em madeira, que não lhe retirou vivacidade nem frescura, com boa acidez, num vinho de estrutura firme e com excelente volume e prolongamento em boca. Contrariou o meu pressuposto inicial em que apostava ter um vinho mais "quente" em semelhança a alguns alentejanos.

Boa vizinhança! Óptimo vinho!

#QuintadaAlorna #VinhoTinto #VinhosdoTejo

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