Nelson Moleiro
Tarde de Verão Parte II - Alcube Reserva Branco 2015

Tarde de Verão é ideal para ser iniciada com um bom espumante, saiu um Cuvée Pauline Vouvray AOC Demi-Sec do Vale do Loire para animar a malta e fazer a cama para o repasto. Contudo há quem prefira, e é sempre uma boa opção, beber um branquinho seco quer seja como aperitivo ou como companhia para a mesa. Eu em grande parte das ocasiões é do início ao fim. Acabei por trazer um vinho branco para acompanhar peixe grelhado na brasa, e a proposta foi feita tendo em conta que a maioria das pessoas iria torcer o nariz aos meus brancos, focados na acidez e minerais para secar o palato.
Ponto primeiro e para que fique claro no imediato, este não é um estilo de vinho que goste pessoalmente, normalmente está longe das minhas escolhas. Contudo há que saber falar do que gostamos mas também daquilo que não nos cai em predilecção. Este Alcube Reserva Branco 2015 é um vinho elaborado a partir de uvas Fernão Pires e Moscatel de Setúbal. À partida olhando os aromas primários das uvas em questão, assim como a sua localização no terroir da Península de Setúbal, esperam-se vinhos com alta componente aromática com notas frutadas transmitidas pelo Fernão Pires, que dá também estrutura e corpo ao vinho, e o Moscatel a contribuir com apontamentos mais florais e perfumados, num balanço final que é sempre enigmático, pelo menos para mim. Não consumo muito vinho de Setúbal, é um facto, daí que na minha experiência é diminuta, mas nada mais correcto que opinar sobre o que temos no copo, transmitir opinião objectiva, e mostrar o porquê de sugerir aquele vinho a um determinado público alvo.

Alcube Reserva Branco 2015
Castas: Fernão Pires e Moscatel de Setúbal
Região: Península de Setúbal
Teor Alcoólico: 14% Vol
PVP: +/- 9€
O Alcube Reserva Colheita 2015 resulta de uma mistura das melhores uvas de Fernão Pires e Moscatel da Quinta, certamente com fermentação monovarietal, com posterior mistura em lote e estágio de 4 meses em meias barricas de carvalho americano e francês. É um vinho de prova fácil e que facilmente cumpre a sua função para quem aprecia vinho branco. De cor amarela forte, tem no nariz aromas pronunciados de fruta branca madura e aquela componente floral característica e inequívoca fornecida pela uva Moscatel, apesar de ser o Fernão Pires que domina. Na boca, novamente a fruta, sendo que a presença da madeira é leve e bem integrada. A meu ver falta frescura e acidez para elevar a sensação de boca e prolongamento. Não é um vinho branco que beba copo atrás de copo, torna-se "pesado", não flui. Mas não se inquietem, eu elevo ao topo vinhos que a maioria não considera de tanto valor, e neste caso concreto, amigos e familiares gostaram imenso deste Reserva Branco. O fundamental é que cada um retire prazer do que aprecia.
Mas cá entre nós que ninguém nos ouve...falta-lhe frescura, esperava um pouco mais!



