Nelson Moleiro
Serradinha Arinto e Fernão Pires Branco 2015

A Quinta da Serradinha está no topo dos produtores nacionais que primam pela intervenção minimalista tanto na vinha, como no vinho propriamente dito enquanto produto final. Ainda não se falava de agricultura biológica e biodinâmica em Portugal, e já por Leiria, António Marques demarcava-se e produzia vinhos biológicos. Com este vinho, a Quinta da Serradinha apresenta-nos Arinto e Fernão Pires em versão terroir calcário, bem perto da costa, com toda a influência marítima Atlântica inerente. Da minha recente visita e experiência pela Alsácia, contactei e constatei com uma cultura e mentalidade de agricultura e viticultura biológica aliada a processos de vinificação sem grandes intervenções e manipulações.
Os franceses não tentam ser alquimistas, mas sim respeitar a natureza e o terroir, e expressá-lo em toda a plenitude numa garrafa de vinho. Numa era que tudo o que é biológico é moda, Portugal está ainda longe da qualidade e dimensão estrangeira neste âmbito, mas a Quinta da Serradinha já possui vasta experiência e historial na produção de vinhos biológicos, um dos pioneiros, sempre fiel a convicções próprias e não embarcando em modas. A marca e vinho Serradinha não é só mais um, estamos perante uma referência.
Serradinha Arinto e Fernão Pires Branco 2015

Antes de tudo, urge referir que a minha experiência na prova de vinhos biológicos é muito reduzida, pelo que a minha opinião vale o que vale, ou seja, meramente pessoal, informal e amadora.
O vinho depois de aberto necessita repousar, aroma frutado complexo, com ligeira sensação de maturação e maceração de fruta pura. De ressalvar que o abri à noite para bebericar um copo, com o intuito de beber no dia seguinte. Para quem não tem muita experiência nesta área, no imediato nota que estamos perante um vinho muito diferente, out of the box, com bastante complexidade. Na boca, ao início mostra-se difícil, diria com presença de alguma redução, um ligeiro “enxofre” no aroma de boca, certamente a minha inexperiência a vir ao de cima.
Provado e bebido no dia seguinte, temos um vinho muito melhor, mais aberto, puro. Elegância no nariz, fruta. Em boca, fruta bem presente, uva de elevadíssima qualidade, pureza, acidez marcante e salinidade proeminente, completamente diferente da noite anterior, a mostrar carácter e presença de boca, encorpado e altamente gastronómico, mas a revelar ao mesmo tempo uma frescura salivante.
E este é cá da terra, é de Leiria!
Castas: Arinto (65%) e Fernão Pires (35%)
Região: Encostas da Serra de Aire
Teor Alcoólico: 12% Vol
PVP: +/- 13€


