Nelson Moleiro
Escapadinha de Verão no Alentejo: NAU Lago Montargil & Villas, Monte da Raposinha e Restaurante

O Alentejo é uma das regiões mais ricas no nosso país, riqueza essa imaterial, rico pela sua unicidade na paisagem e habitat, destoando em larga escala do restante mapa continental. Um mar de planícies, estendendo-se do Alto Alentejo ao Baixo Alentejo. O Alto Alentejo Interior, onde se situa a vila de Montargil, é das zonas alentejanas que menos conheço, um misto entre Ribatejo e Alentejo, e no que toca à produção de vinhos, um microclima único que é indissociável da presença da barragem de Montargil.
Monte da Raposinha
Foi fundamentalmente o ano passado, no decorrer de um jantar vínico, que contactei mais a fundo com os vinhos e história do Monte da Raposinha, e numa era em que o perfil pessoal se tem demarcado em larga escala de terras alentejanas, a frescura e carácter distintos dos vinhos Raposinha surpreenderam-me. Vinhos frescos, harmoniosos, com pouquíssimo açúcar residual e altamente gastronómicos. Alguns destes aspectos levam tempo a ser compreendidos e interpretados por alguns consumidores, habituados ao vinho estratificado e padronizado, aquele docinho, mais alcoólico e encorpado, de fazer dilatar as veias do pescoço.
Numa das escapadinhas de fim-de-semana do Verão o destino escolhido foi precisamente o Alto Alentejo, desfrutar de uma estadia no imponente Hotel Lago Montargil & Villas, um dos hotéis do grupo NAU. Sabendo que iria estar próximo do Monte da Raposinha, era imperativo uma visita in loco ao produtor, à sua Adega e vinhas, num registo informal e casual.
Sempre que nos for possível, existe a obrigatoriedade de conhecer os locais e pessoas onde tudo se processa, farto-me de repetir que é redutor focarmo-nos numa mera garrafa de vinho. Quem me recebeu foi João Nuno Ataíde, já nos tínhamos cruzado noutras ocasiões, pelo que a sua simpatia e cordialidade já me eram familiares. A visita deu-se em inícios de Setembro, decorriam as vindimas, e tive o bónus e privilégio de provar alguns mostos em fermentação, algo sempre interessante para quem está distante desta realidade diária de um produtor.
Sugiro que provem alguns vinhos deste produtor Alentejano, a acidez e baixo teor de açúcares residuais são muito interessantes para vinhos DOC Alentejo. É algo que faz tornar repetitivo, mas vão ver que é uma grande diferença e um cunho pessoal da marca na região.







Hotel NAU Lago Montargil & Villas
O Hotel é uma referência na região, pela imponência e qualidade. Destaco a presença de diversos e maravilhosos espaços exteriores, várias piscinas rodeadas por vegetação e jardins, um cenário bastante tropical e convidativo em época veraneante. Design, serviço, luxo, com tudo o que um bom hotel de 5 estrelas deve oferecer. Os quartos estão equipados com todas as mordomias, materiais de primeira linha a ofereceram todo o conforto e intimidade, adorei a decoração das casas de banho em pedra escura, em perfeita sintonia e simbiose com os materiais usados na área das piscinas, tudo muito sóbrio e bem integrado no conjunto global. É sem duvida um excelente local para passar uns dias no Alto Alentejo.






Restaurante Afonso
Situado em Mora, este restaurante foi-nos sugerido de forma instantânea e automática por João Ataíde aquando da visita à Raposinha. É uma referência na restauração da região, um ambiente rústico e tradicional que oferece a típica gastronomia alentejana, onde não são esquecidos os pratos de caça. Foi onde decidimos jantar, o Hotel NAU oferece buffet e restaurante à carta, mas sempre que visito uma região, não considero outra coisa que não seja experimentar os restaurantes locais. Os Hóteis para mim são para pequenos-almoços, ponto final, independentemente da qualidade não traduzem o carisma e genuinidade regional.
Entradas Febras de porco de coentrada Presunto pata negra
Pratos Naco de novilho alentejano e Pombo bravo à Dona Bia
Sobremesa Sericaia
Vinho Monte da Raposinha Tinto 2015






Foi uma refeição fantástica, todos os pratos fabulosos, o presunto pata negra é simplesmente divinal, as carnes apresentadas de altíssima qualidade, escolhemos um naco de novilho alentejano, super tenro, desfaz-se na boca. O arroz de pombo matou o meu desejo por caça, tinha pensado em experimentar a perdiz, já não estava disponível (sacanas), mas não ficou nada atrás este pombo bravo! Nas sobremesas, obviamente a sericaia, para os gulosos fica a dica, das melhores que alguma vez tive o prazer de provar. Como vinho para a refeição, um Monte da Raposinha Tinto 2015. Já a colheita de 2014 tinha elegido como boa escolha qualidade/preço. Aromas frescos e intensos a fruto vermelho, a transparecer frescura logo ao imediato. Em boca, a acidez surpreende e permite um equilíbrio perfeito com a fruta, onde pareço notar algum vegetal também, dando lugar a um vinho fácil de beber, sedutor, delicado, aveludado, com boa relação de taninos. É um vinho que foge ao Alentejo standard, pois revela pouco açúcar residual e uma frescura e presença em boca bastante gastronómica, e onde o estágio parcial em carvalho francês introduz alguns sabores secundários muito ténues, sem qualquer exacerbação. Um vinho alentejano que me agrada.
Castas: Touriga Nacional, Aragonez, Alicante Bouschet, Syrah
Região: Alentejo
Teor Alcoólico: 14% Vol
PVP: +/- 9,50€
A ir e a visitar, Alto Alentejo!
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