Nelson Moleiro
António Madeira Colheita Tinto 2016

Mesmo para os mais distraídos, António Madeira é um nome cada vez mais no ouvido, muito falado e lido no panorama vínico nacional, um agitador de mentes e filosofia. Consequentemente, a marca António Madeira tem ganho notoriedade e visibilidade, mas não atrelada a injecções de marketing e publicidade, mas sim por manifesta qualidade do produto apresentado, vinhos do Dão de outros tempos, que nos remontam à essência, herança e virtuosismo dos antepassados. Quem conhece o António e os seus vinhos, vê que o seu cavalo de batalha foca-se a 100% na paixão e determinação que manifesta em fazer renascer a tradição e cultura vínica dos seus antepassados.
Quando inscreve Dão nos seus rótulos, inscreve-o com toda a afirmação e genuinidade, demarcando-se de perfis mais industriais e descaracterizados que assolam a região e país. Faz vinhos como se faziam há décadas atrás, explorando vinhas de parcela em altitude na sub-região da Serra da Estrela, e onde o carisma das vinhas velhas é valorizado, mantendo e dinamizando práticas de viticultura biodinâmica, com respeito pelo terroir e ecossistema circundante, vinificações de intervenção minimalista, sem adições de produtos enológicos industriais. Ao fim ao cabo, confia e entrega o seu trabalho anual na vinha na fermentação espontânea das uvas que produz. Com isto consegue oferecer-nos vinhos autênticos, terrosos, replectos de marcadores primários expressivos, e com a premissa de um envelhecimento positivo em garrafa, tanto em tintos como em brancos.
António Madeira Colheita Tinto 2016

O Colheita é o vinho tinto de entrada no portefólio António Madeira, estendo-se depois pelo Vinhas Velhas, A Palheira e o vinho de parcela A Centenária, a coqueluche. Este António Madeira Colheita 2016 segue o perfil dos anteriores, um carácter vinoso, pouca extracção elevando a frescura, fruta fresca limpa e elegante no nariz, evidenciando grande corpo e presença em boca, com acidez bem presente, forte mineralidade e carácter gastronómico invejável. É um tinto que apraz muito beber e que seca o palato, pede comida, além disso "seca" a garrafa num ápice, é extremamente fácil de beber. As uvas são oriundas de vinhas com cerca de 50 anos, uma mistura de castas autóctones, não se procedendo a adições e manipulações na vinificação. Muitos chamariam a isto "vinho de autor", eu diria que o António não inventou nada, simplesmente replicou e respeitou as tradições, e a sua influência oriunda de França em muito contribui para isso. Nós, os portugueses, temos um hábito terrível, gostamos de destruir o nosso património material e imaterial.
Todos que me conhecem ou me seguem via Táscuela, sabem que sou um verdadeiro #daowinelover, vai daí aconselho a provarem os vinhos do António Madeira para perceberem e contactarem com o verdadeiro vinho de terroir, verdadeira expressão em bruto.
Castas: Blend
Região: Dão
PVP: +/- 14€



