Nelson Moleiro
CAV Tinto 2008

Meus caros, gostei muito, mas mesmo muito de beber este CAV 2008 da Casa Américo. Não porque tivesse sido dos vinhos grandiosos que nos deixam marcas indissociáveis, mas sim porque o bebi completamente descomprimido, sem pensar nele como produto a escrutinar. Enquanto o bebericava a garrafa foi vazando a olhos vistos, o que me fez relembrar que é isto que realmente importa, o prazer de apreciar uma boa garrafa de vinho à mesa, sem estarmos sempre com tiques de connoisseur, de craques!
O palavreado e olhar mais aborrecido sobre o vinho deixei para depois, acreditando na minha ainda razoável memória, e como diz o Sérgio Conceição, "estou-me a cagar para isso", o melhor já estava feito, o vinho no bucho. Nariz com fruto negro maduro em boa evidência, bem integrado, sem exageros, algum bosque e frescura de pinheiro, complexo. As sensações olfactivas iniciais, revividas pelo meu cérebro, a que associo a cera e vela e que até poderá ser complexidade positiva de micro-oxidação, diminuíram e desapareceram com o tempo de abertura, o vinho foi ganhando elegância com a oxigenação, afastando-se da sua rusticidade característica. O nariz evoluiu para aroma de algum fruto seco, e a boca a revelar ainda muito tanino fino presente, vegetal, seco, persistente, não marcado pela barrica. Blend de castas com Rufete, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz e Touriga Nacional de uma vinha única a 600 metros de altitude, que reproduz fielmente a espinha dorsal da região, e que após 11 anos nos dá certeza e confirmação do potencial de envelhecimento deste vinho. Não será das referências que colocam a região no radar de massas, mas uma coisa é certa, produtores menos conhecidos esfregam-nos na cara que existe grande valor a preço moderado, e que conseguimos muito boas experiências com algumas garrafas no futuro.
Castas: Rufete, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz e Touriga Nacional
Região: Dão
Teor Alcoólico: 13,5% Vol
PVP: +/- 11€

