- Nelson Moleiro e Pingus Vinicus
Por entre Doutores e Maçonarias

Achámos que havia necessidade de fazer um contraditório. Não pela importância do assunto, mas porque gostamos de nos divertir. Gostamos muito de humor, mesmo sabendo que não é bem aceite e compreendido no mundo dos vinhos. Na verdade, predomina o cinzento e o discurso pipi, entre todos os que gostam de beber uns copos. É tudo levado muito a sério. Respeitamos quem ganha os seus trocados a fazer e a vender vinho, mas caramba já não entendemos quem vive de outra coisa qualquer e se acha the next big thing ou se considere o mais independente de todos. A independência e imparcialidade não existem. Estão numa dimensão atingível apenas aos Deuses. E nós não somos crentes em Deuses. Só nos nossos pais e mães. Fazemos o que fazemos com o espírito livre, porque acreditamos piamente na liberdade de expressão e na aceitação da diferença.
O mundo dos vinhos é apaixonante, já a variável humana mostra-se, na maior parte das vezes, desinteressante e supérflua. Andamos nesta coisa de beber copos de vinhos, por paixão, por gozo, por hobby. Partilhamos vivências com pessoas, sejam elas quais forem. Quem quiser partilha connosco. Quem não quiser, não partilha. Não procuramos concordância e nem aceitação, pois acreditamos que é através da discórdia e da diferença que evoluímos. A vida torna-se muito mais interessante. Concordar com tudo, dizer sim a tudo, soa, na maior parte das vezes, a auto-satisfação.
Recentemente numa publicação do auto-proclamado Dr. Ribeiro, na sua irrepreensível e messiânica página O Último Maçon, tecia um conjunto de comentários sobre os novos vinhos da Quinta de Baixo. O Ex.mo Sr. Dr. emitia, legitimamente, um conjunto de dúvidas sobre o novo perfil de vinhos deste produtor, que agora pertence ao universo Niepoort. Apontava um conjunto de defeitos, num exercício especulativo, suportado por um conjunto de convicções pessoais. Nunca concretizou quais eram os defeitos. Ficou a coisa, resumida meramente a um exercício de especulações baseadas no seu gosto pessoal.
Reconhecemos, há já algum tempo, a qualidade de escrita do Ex.mo Sr. Dr. Ribeiro, apesar de alguma soberba encapotada e não assumida. Nós, ao contrário, assumimos publicamente perceber de tudo e mais alguma coisa. As suas intervenções são, contudo, genericamente pertinentes.
No dito post, achámos pertinente dar a nossa opinião. Uma opinião que ia em sentido contrária ao que Ex.mo Sr. Dr. advogava. Nós gostamos muito dos perfis dos novos vinhos da Quinta de Baixo. Acrescentámos que, ao fim ao cabo, se tratava meramente de uma questão de gosto pessoal. Pediu-se, até, que indicasse quais seriam os eventuais defeitos que o Ex.mo Sr. Dr. encontrava nos tais novos vinhos da Quinta de Baixo. As respostas obtidas, como não podiam deixar de ser, foram de alguém profundamente conhecedor da matéria. Estamos a falar de um Doutor. Recebemos em troca atoardas do tipo “Eu sei o que falo e muitos concordam comigo mas não falam”, “Eu sei tudo, tudo da Bairrada”. Contudo, esqueceu o essencial. A sua posição encerrava, legitimamente, um conjunto de articulados sustentados no seu gosto pessoal, mesmo que afirmasse que não era verdade. Tal como nós.
O Ex.mo Sr Dr. concluiu a conversa, eliminando um conjunto de comentários e ao mesmo tempo bloqueou os seus autores, simplesmente porque estavam a discordar da sua posição, ficando apenas visíveis as intervenções concordantes. Legitimamente, convém dizer.
Sabemos e reconhecemos que quando visitamos a página de alguém ou o perfil de alguém, devemos fazê-lo com elevação e seriedade. É como se estivéssemos a entrar na casa de alguém e, como tal, temos que aceitar as regras do dono ou dos donos. E foi isso que fizemos, numa fase inicial. Até pretendemos aligeirar o tom da argumentação. Não estamos para chatear–nos com copos. O mais dramático e ao mesmo tempo cómico é que o Ex.mo Sr. Dr. Ribeiro assumiu, numa das suas intervenções, que está numa cruzada contra personagens como nós. Ficámos de peito cheio, pois foi-nos reconhecida a importância que tanto desejamos. Finalmente. Sendo que assumimos publicamente ser meramente uns bêbedos e burgessos.
Posto isto, resta-nos dizer que é o Ex.mo Sr Dr. Ribeiro que mostra em todo o seu esplendor tudo aquilo que criticamos. A soberda, o paternalismo, a auto-satisfação, a verborreia argumentativa. Contudo, desejamos as maiores felicidades na demanda do Ex.mo Sr. Dr. Ribeiro.
Atenciosamente
Dr. Moleiro e Dr. Pingus