Nelson Moleiro
“Morcela da Mira” com Jean-Louis Chave Saint Joseph Offerus 2011 e Quinta das Bágeiras Reserva 2009

A época da Páscoa nas minhas raízes familiares é marcada por tradições gastronómicas, ora é vez da “Morcela da Mira” ora é altura de “Tortulhos”, ou então venham os dois que eu agradeço. Nesta época tão estranha em que estamos afastados uns dos outros, a tradição manteve-se, só que à distância onde recorri ao ”take-away” caseiro. Foi Páscoa de morcela, se bem que prefiro chamar-lhe mês da morcela, ainda tenho esperança no mês do tortulho. Quanto aos vinhos recorri à garrafeira pessoal harmonizar com o pitéu, a escolha recaiu sobre um vinho tinto francês, Jean-Louis Chave Saint-Joseph Offerus 2011 e um português, Quinta das Bágeiras Reserva 2009.
Para quem quiser saber um pouco mais das “Morcelas da Mira“ veja aqui um artigo pormenorizado de 2017.
Os Vinhos
Jean-Louis Chave Saint-Joseph Offerus 2011

A família Chave é um dos produtores mais famosos no norte do Rhône, nome que não escapa a qualquer wine geek que se preze. Já vai na 16ª geração de viticultores, emergiu no panorama em 1481, e neste momento ao leme surge em grande plano Jean-Louis Chave e seu pai Gérard Chave. Jean-Louis tomou conta dos destinos da casa em 1992 após concluir os estudos superiores de enologia nos Estados Unidos. Na altura replantou vinhas na propriedade em Saint-Joseph que tinham sido abandonadas nos inícios do século XX após a filoxera. O ex-líbris dos seus vinhos expressa-se no seu Hermitage tinto, mas não é disso que venho falar, quem me dera, seria bom sinal. Venho falar de um dos vinhos Jean-Louis Chave Selections, que é o segmento de vinhos mais acessível em que Jean-Louis recorre a uvas compradas de elevada qualidade e também próprias, e que será sempre uma boa forma de iniciar e conhecer a filosofia dos vinhos Chave e do comportamento da uva Syrah no local de eleição no Velho Mundo, o terroir do Norte do Rhône. Trouxe para a prova o Jean-Louis Chave Saint-Joseph Offerus 2011.
O vinho melhorou muito com a oxigenação, o aroma a carne crua mais vincado inicialmente equilibrou com o tempo de abertura, alguma especiaria e couro, já bastante harmonioso em boca, tanino arredondado, volume e persistência, envolvente, rico e complexo sem denotar qualquer mazela do tempo em garrafa, excelente.
Castas: Syrah
Região: Norte do Rhône, França
Teor Alcoólico: 13,5% Vol
PVP: +/- 22€
Quinta das Bágeiras Reserva 2009

Para colocar ao lado de um Chave com selo de preço cordato, recorri ao mesmo critério na escolha de um vinho nacional, grande relação qualidade-preço, com uma idade semelhante, cerca de 10 anos. Acabei por escolher o Quinta das Bágeiras Reserva 2009, um lote de Baga e Touriga Nacional da Bairrada. Mário Sérgio é um dos grandes produtores nacionais, aproveita de forma singular potencial do terroir bairradino com uso de castas autóctones, produzindo vinhos longevos e muito consistentes entre colheitas.
Mais fechado no nariz, mais nervoso também, em boca mostra uma adstringência ainda presente, o tanino ainda está para durar mas apresenta-se mais redondinho, seco, limpo, um certo carácter vegetal, apesar de mais directo e menos complexo, revela ter mais anos de vida pela frente.
Castas: Baga (60%) e Touriga Nacional (40%)
Região: Bairrada
Teor Alcoólico: 13,5% Vol
PVP: +/- 9€
Até breve, mantenham-se seguros!
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